Quiet quitting: um fenômeno altamente previsível
Infelizmente a nossa sociedade vive meio no automático, meio adormecida, você deve ter percebido. Mas estamos aqui nos perguntando: o quiet quitting não estava escancarado em nossos olhos?
Se você nos acompanha, sabe que estamos sempre contando como os futuros são construídos. Até mesmo como nascem as tendências – que são sinais antes mesmo de se tornarem tendências.
Se o quiet quitting é bom ou não, há diversos pontos de vista que podemos analisar. E no fim, o que importa é: já está aí, instalado em nossa sociedade.
Se formos olhar pelo ponto de vista que ele passa a ser um problema, isso é assunto para design thinking.
Afinal, o design thinking, como já explicado anteriormente aqui em nosso ambiente, está aí para nos ajudar a resolver problemas atuais.
O quiet quitting é, sem dúvida, uma reação que poderia ter sido evitada ou no mínimo amenizada.
Isso se já estivéssemos em uma sociedade com maior domínio das competências de futuros. Mas que ainda não é o caso.
Ou seja, o design thinking está para o presente assim como o futures thinking está para o futuro. E principalmente, para que possamos tomar melhores decisões no hoje para mitigarmos situações indesejáveis no que um dia se tornará o nosso “presente”. Esperamos que não seja de grego.
Vamos aos fatos, sinais que já estavam aí para compreender melhor esta história? Mas antes…
Conteúdo sugerido – Assista: Diferença entre tendências e sinais com Cassiana Buosi
O que é o quiet quitting?
O termo ganhou relevância na últimas semanas e foi tema de artigos e posts do The New York Times ao Instagram.
Traduzindo livremente quer dizer, demissão ou desistência silenciosa. O “movimento” emerge como uma reação ao excesso de trabalho e a falta de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
E, ao invés de efetivamente pedir demissão, a ideia é se limitar a fazer o mínimo das tarefas. Isso mesmo, entregar o estritamente necessário e não assumir responsabilidades extra ao descrito para determinado cargo. É literalmente, passar o crachá às 17h e deixar o mundo cair.
Se quiser entender ainda mais, tem bastante coisa publicada por outros canais também, uma de nossas recomendações é a publicação da opinião do Alexadre Pellaes no UOL.
Prós e contras desse movimento nada novo chamado quiet quitting
Bom, como em tudo, podemos ver dois lados da moeda. Para dizer no mínimo. As possibilidades de prismas seriam muitas, ainda mais pelas diretrizes mais sistêmicas de pensamento de futuros. Mas para simplificar, vamos de prós e cons mesmo? Só alguns, para nos ajudar a refletir um pouco mais.
Prós:
- Jogar luz sobre muitas das heranças da pandemia ainda não bem resolvidas no mundo do trabalho.
- Movimento importante e necessário para impulsionar um redesenho das relações profissionais.
- Um alerta para que as empresas entendam que, de fato, está mais do que na hora de pararem de explorar o ser humano de forma degenerativa.
- Jovens adultos com menor tendência a burnout e transtornos de ansiedade e depressão, que hoje afetam cerca de 9,3% (OMS, 2019) da população brasileira.
- Oportunidade para uma reavaliação das prioridades para uma vida mais equilibrada.
Contras:
- Os jovens não estabeleceram vínculo com nada e nem ninguém. Até mesmo suas causas serem muito efêmeras.
- Algumas empresas sucumbirem por sentirem tamanha dificuldade de encontrarem profissionais compromissados e responsáveis no mercado.
- Falta de um diálogo aberto e transparente com as lideranças.
- Falta de conexão e propósito no trabalho.
- Limitação no desenvolvimento de novas habilidades.
- Impacto negativo nas relações com os demais colegas de trabalho.
Lembrando que de qualquer forma, se tais empresas não entenderem que cada vez mais as pessoas não trabalham mais “para elas” e sim, “para se auto realizarem e deixarem algum bom legado no mundo”, de nada adianta achar estas “pérolas” compromissadas por aí.
Cassina Buosi
Sinais cada vez mais fortes que já indicavam o desfecho dessa história
Bom, para não sermos repetitivos, vamos deixar um link aqui para te ajudar a se lembrar do que o futuro do trabalho NÃO é: o futuro do trabalho não é remoto, não é híbrido, não é dos robôs e nem mesmo de um bando de humanos “tecnológicos”.
O que ele é? Te convidamos a ver este artigo aqui para entender melhor.
O que o futuro do trabalho NÃO é – e o que ele é:
O despertar de consciência tem acontecido para cada vez mais pessoas e cada vez mais rápido. Mas é importante lembrarmos – e respeitarmos – que cada pessoa tem seu próprio tempo, assim como as organizações.
Alguns fatores que têm contribuído para estes “despertares”:
- Pandemia global;
- geração z, geração greta;
- geração alpha com muito mais consciência desde a escola e com isso, fazendo com que seus pais compreendam as questões mais profundamente;
- uma nova era da espiritualidade em ascensão, em contrapartida a tanta tecnologia;
- novas tecnologias e pesquisas científicas que inclusive começam a “comprovar” e debater de forma mais ampla e transparente fenômenos até então tidos como pseudo-científicos;
- relatórios críticos mundiais, além de muitos autores especialistas, que deixam claro que está em nossas mãos – nós, humanas e humanos, influenciar drasticamente no futuro de nossa própria espécie. Vida eterna à espécie humana? Ninguém sabe e jamais saberá. Mas ao menos uma vida mais prolongada da espécie, parece que depende de nós.
Também aproveitamos para compartilhar os pontos trazidos pelo Ravi Resck em seu post no LinkedIN, apontando para outros grandes sinais do que já estava aí, na nossa frente. A gente querendo ver ou não, encarar ou não.
Existem riscos para todos e todas que seguirem apenas apagando incêndios diários?
Sim, existem. Um risco que tende a ser cada vez mais impactante naqueles que ainda estão em sono profundo ou talvez até “anestesiados/as”.
Do ponto de vista profissional, será que se demorarem para acordar e se transformarem ainda serão relevantes, com a potência que poderiam, se estivessem “despertos/as”?
Do ponto de vista das organizações, será que assegurarão suas existências, com um número cada vez maior de pessoas valorizando as organizações pró-vida acima de pró-lucro, se continuarem com o discurso do medo da “escassez de empregabilidade”?
Riscos, existem para todos e todas. Estamos todos no mesmo barco / planeta.
Agora, o que é mais arriscado gente? Estar pronto/a para o que está por vir, mas talvez ter que aguardar um pouco ou enfrentar um tsunami de bóia infantil?
Cada uma na sua, façam as suas apostas. E principalmente, seus movimentos.
Quer saber de algumas possíveis breakingnews de 2032 em torno do mercado de trabalho, renda e sociedade? Assista a este episódio da websérie Reflexões para Novas Eras: Trabalhos no Futuro – com Cassi Buosi da Lifelong Workers e Carol Kaphan da Vagas.
Reflexões para Novas Eras: a websérie
Cada tijolo que colocamos hoje em nossa obra de sonhos futuros conta. Entenda aqui “cada tijolo” como “uma decisão”. E a vida é feita de escolhas, todos os dias, todos os minutos.
Por isso, faça escolhas conscientes. Quanto melhor você explorar – e não tentar prever – cenários futuros, melhores condições você terá de fazer escolhas mais sábias. Que reverberarão em você e na sua vida no curto, médio e principalmente, no longo prazo.
É disso que se trata a websérie Reflexões para Novas Eras, uma parceria da Vagas e da Lifelong Workers. Te convido a nos acompanhar em novas perguntas em torno do que estamos fazendo agora.
E se isso tudo está fazendo cada vez mais ou menos sentido. Porque se for para não sentir, podemos deixar isso para os robôs, o que você acha? ; )
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Leia também:
Falta de tempo e autocuidado: que futuro do trabalho e vida estamos construindo?
“O ser humano passa a primeira metade de sua vida arruinando a saúde, e a outra metade tentando restabelecê-la”.
Joseph Leonard