Admirável Trabalho Novo

No mundo do trabalho nada será como antes! Além de todas as mudanças que a pandemia nos impôs, um enorme espaço para nossa reflexão foi aberto. Ressignificamos muita coisa e a relação com o trabalho foi uma das mais impactadas.

Durante a pandemia foi notável a quantidade de mudanças que acabaram sendo impostas à maioria de nós, em todos os âmbitos da vida. Depois desse período, algumas coisas podem até voltar a sua “normalidade”, porém no mundo do trabalho nada será como antes.

Ao acompanhar os movimentos globais e ver que tantas pessoas fizeram desse momento a hora da virada, é impossível não concluir que a grande insatisfação com o trabalho já estava lá.

Poderia estar adormecida pela rotina, encoberta por reuniões e almoços de negócios, presa no trânsito diário e aliviada por viagens no fim de semana e planos de um ano sabático. 

O que o isolamento causado pela pandemia fez, foi abrir espaço para a reflexão e, a partir dela, intensificar a necessidade de ressignificação do trabalho. Ficou explícito que já estava na hora de repensar essa relação. 

Impactos no mundo do trabalho

Nos Estados Unidos as demissões bateram recorde em 2021, chegando a 4,5 milhões em novembro, o que representa cerca de 3% da força de trabalho do país. Por lá, o movimento que ficou conhecido como A Grande Renúncia, começou pela base da pirâmide, insatisfeita na relação com o empregador e preocupada com a saúde mental. 

Porém, o movimento não parou por aí, em entrevista a revista Time, Ryan Roslanky, CEO do LinkedIn, afirma que estamos vivenciando agora globalmente uma das maiores mudanças que já ocorreram no mundo do trabalho.

Considerando os dados do LinkedIn de setembro de 2021, houve um aumento de 54% ano a ano nas transições de trabalho em toda a plataforma. E falando especificamente da Geração Z, esse número aumenta 80% ano a ano.

“Há uma ressignficação de talentos sem precedentes acontecendo globalmente. E faz sentido.”

Ryan Roslanky, CEO do LinkedIn

No Brasil, de acordo com a consultoria Robert Half, 51% das demissões de profissionais qualificados no terceiro semestre de 2021 ocorreram a pedido dos colaboradores.

A pesquisa da Robert Half, feita com 1.161 trabalhadores, constatou também que 49% dos profissionais qualificados que estão empregados pretendem buscar um novo emprego neste ano. Entre eles, 61% querem mudar de empresa, mas continuar na mesma área e outros 39% planejam mudar de área de atuação.

A empresa centrada no ser humano

Mas afinal, o que as pessoas realmente estão buscando com essa ressignificação? 

Uma pesquisa de 2021 do LinkedIn sobre o que mais importa para quem procura emprego em todo o mundo, descobriu que em primeiro lugar está um bom equilíbrio entre vida e trabalho, seguido de excelente remuneração e benefícios.

“Estamos vivendo tempos em que todos estão repensando tudo. Os líderes estão repensando os seus modelos de trabalho, cultura e valores da empresa.

Os funcionários estão repensando não apenas como trabalham, mas por quê.”

Ryan Roslanky, CEO do LinkedIn

Cabe dizer que não faria sentido analisar a resposta “equilíbrio entre vida e trabalho” como algo simples de ser entregue.

Certamente, esse é um dos dados que deve impulsionar os líderes a focar em uma cultura da empresa centrada no ser humano, que considere como características essenciais: flexibilidade, assincronia, confiança, pertencimento e um foco holístico no bem-estar.

Talentos Ressignificados: como reter

Uma pesquisa do Future Forum Pulse realizada em novembro de 2021, com mais de 10 mil trabalhadores dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e Austrália; destaca que para vencer a disputa por talentos, os líderes precisam responder três grandes questões: 

• Como oferecemos flexibilidade como um benefício básico? 

A flexibilidade passa a ser vista como um condição fundamental e não mais como um privilégio.

• Como reimaginamos nossa infraestrutura para criar conexão? 

Já não se trata apenas de um escritório conectado com as mais modernas tecnologias, é sobre manter o trabalho conectado onde que ele seja feito.

• Como requalificamos nossos gerentes para garantir que diversidade, equidade e inclusão sejam uma competência essencial? 

Aqui o ponto é criar um ambiente que tenha a capacidade de atrair e reter talentos diversos, o que exige não apenas recrutar, mas garantir uma mudança de cultura e valores. 

Estamos diante de um momento em que as empresas precisam redesenhar suas estruturas de forma resiliente, deixando espaço para abraçar essa ressignificação que ainda está em curso.

E eu com isso? 

Se a Grande Ressignificação não é para você, tudo bem. Esse pode não ser o seu momento de fazer uma mudança radical na carreira. Para cada um, o movimento ressoa de uma forma diferente, dependendo do estágio de vida ele pode: 

• Inspirar pequenas mudanças no seu ritmo de trabalho atual; 
• Incentivar a abertura de espaço para momentos de autocuidado no seu dia a dia;  
• Impulsionar o planejamento para uma futura transição de carreira; 
• Dar o insight que faltava para agir agora e ressignificar sua relação com o trabalho. 

Seja qual for a sua escolha, respeite seu próprio ritmo e se permita experimentar novas experiências. 

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